quarta-feira, junho 29

A tranquilidade de um céu quase de banda desenhada

segunda-feira, junho 27


Ando maravilhada com a minha vizinhaça, mas um pouco preocupada com o seu destino. É que estou farta de ouvir comentários como "esta praga de rolas que por aqui anda so fazem estragos e porcaria"

“TheFutureEmbrace” – Billy Corgan

Continuando na música…

O Billy Corgan lançou um álbum a solo, o primeiro sem se esconder atrás de nomes como “Zwan” e afastando-se completamente daquilo que foram os “Smashing Pumpkins”.
Veio a Lisboa apresentá-lo, embora antes do seu lançamento, coisa que não entendo. É normal isto acontecer com bandas que promovem o seu 1º trabalho, mas para alguém como o Corgan não me parece normal, até porque depois do fiasco dos “Zwan”, provavelmente deixou muita gente de pé atrás e isso reflectiu-se na sala não esgotada. Só entenderia esta opção pela vontade que o Corgan teria em surpreender os seus fãs, mas quanto a mim, não parece que tenha sido isso que aconteceu. Leio coisas como “Para primeiro sinal de liberdade artística, Corgan acaba por editar um disco que mais se assemelha com um álbum de remisturas…” e eu acrescentava-lhe “e com muito pouca chama”. Até a parceria com Robert Smith (mentor dos The Cure) no refrão do tema “To Love Somebody” original dos Bee Gees, me parece bastante fraca.
Como ele próprio afirma, agora está sozinho a criar a sua música, sem a influência de outros membros (embora continue acompanhado pelo grande Jimmy Chamberlain), podendo pôr assim a música em 1º lugar e construir cada canção com os seus sentimentos e imagens. Entendo isso e fico à espera do próximo, mas secalhar era a mistura de personalidades e de influências que faziam dos Smashing uma banda de eleição, que traziam a tal chama que não encontro neste álbum.
Mas fica mais um registo deste senhor, interessante sem dúvida, mas não excepcional.

“TheFutureEmbrace”
All things change
Mina Loy (M.O.H.)
The Camera Eye
To Love Somebody
A100
DIA
Now (and Then)
I’m Ready
Walking Shade
Sorrows (in blue)
Pretty, Pretty Star
Strayz

sexta-feira, junho 17

E por falar em música e em novas bandas, aqui vai uma ajudinha a uma banda recente.


"WinterMoon e Oblivion Circle na Casa Amarela

As bandas de metal WinterMoon e Oblivion Circle actuam no dia 18 de Junho, pelas 21:30h, no Centro Cultural Juvenil Santo Amaro (Casa Amarela), em Laranjeiro – Almada.
Os WinterMoon continuam assim a promover o seu demo cd por terras almadenses, após uma acalorada apresentação ao vivo n’O Culto Bar (Cacilhas), no passado dia 25 de Maio.

Mais informações podem ser obtidas em http://www.m-almada.pt ou em www.wintermoon.com.sapo.pt

Obrigado pela atenção.
Cumprimentos
WinterMoon."

Manto de ouro azul


Manto de ouro azul
Originally uploaded by jjvd05.
Uma pintura fotografica surpreendente do João Domingues

escolhas


escolhas
Originally uploaded by Linda mabeka.
Nem sempre é fácil sabermos fazer escolhas.

As músicas da nossa vida

Todos os dias são editados discos novos, todas as semanas aparecem bandas novas. Algumas assim como aparecem desaparecem sem deixar grande rasto. Depois ainda temos aquelas bandas que desaparecem e nos deixam os seus mentores com carreiras a solo que teimamos em seguir e que teimam em nos desiludir.
Para alguém como eu que não só gosta muito de musica mas que precisa dela para viver é complicado estar a par do que se vai fazendo para já não falar do caro que sai.
Há dias dei comigo a pensar “se andarmos sempre a “perseguir” e a ouvir todas as coisas novas que aparecem, o que fazemos com as outras que já cá estão?”. É verdade que nos ficam em memória, mas são deixadas para trás como se de trastes velhos se tratassem, como qualquer outro objecto que usamos e de que já não gostamos.
Os cds, os discos são objectos, mas não são uns objectos quaisquer. Não para mim. A par com os livros, os discos são mais que objectos. São pedaços de nós, são sentimentos, emoções. Do mesmo modo que nos influenciam também nos acrescentam algo. Quase que poderia falar de mim, da minha história através dos discos.
Decidi dar menos atenção às novidades e redescobrir os meus discos, aqueles que já se instalaram em mim. “Por onde começar? São mais de 300, raios!”.
O curioso é que parecia difícil mas revelou-se bem fácil. Basta olhar para eles e deixar que algum nos “salte para cima”.
E que salto. “aLive Justforlove” do Peter Murphy. Não é um disco antigo, é uma edição de 2001, mas com musicas que datam de 1989 e que me levam até essa altura a um verão muito interessante.
É interessante isto de redescobrir as músicas da nossa vida.

quarta-feira, junho 8

"Balada dos Cãotribuintes"

Somos nós os desventurados
Os pobres contribuintes
Obrigados a sofrer até ao fim dos tempos
A sorte a que imper
A que impertubáveis
Nos condenam os nossos governos
Todos os nossos governos

Se meteres cem francos de gasolina
Oitenta vão para o Estado (e o estado não sou eu)
Olha cheio de concupiscência
Os cadillac… Olha pra outro lado
No teu dois cavalos de brincar
Saltita ao longo dos caminhos
É uma sorte poderes circular
Amanhã vão-to proibir
Taxa sobre álcool e a cerveja
Sobre os definitivos e os provisórios
Sobre o triste celibatário
Castigado por ser só um (um quê, aliás?)
Controlam-te todos os passos
Ah compraste um belo naco
Tudo corre às mil maravilhas
Paga guloso paga pró saco

Numa bandeja o Estado dá-te
Um prato… apanhas um desgosto
Está vazio E tu admiras-te
Mas é o prato do imposto
Tu passeias pela vida
De peito feito e cheio impante
Cuidado com o imposto sobre energia
É para ontem… ou mesmo antes
Um belo dia sobre o oxigénio
Ligar-te-ão o contador
Tarifa simples o ar do Sena
Tarifa dupla o ar da serra
Eis porém que tu te fartas
Preferes andar aos caídos
Ou tornar-te engolidor de facas…
Taxa de engolidor acrescentada

Um remédio o casamento
Dizes de súbito e corres
À procura de uma rapariga séria
Que saiba de amor e de comes
Apressas-te e calculas
Que ao fim de doze filhos o abono
Do teu rendimento minúsculo
Compensará a escassez

Mas um inspector das finanças
Põe-se a badalar a ideia
E pare… sem dor por minha fé
Um texto cheio de veia
Então a Câmara classifica-te
Como garanhão de cobrimento
Medem-te e tens mais
Pagas taxa sobre o comprimento

Se pagares para alguma coisa
Sempre tinhas justificação
Mas infeliz daquele que ousa
Perguntar pr’onde vai o cifrão
Temos estradas miseráveis
Não há escolas mas padres
Acabou o bom vinho carrascão
Mas fornecem-nos o puré
O governo de França
Republicano – ou que assim diz que é –
Só um prato oferece com abastança
O frango… pilim para o arroz
E para evitar a falência
Dos pobres vendedores de canhões
Faz-se uma guerra do pé para a mão
À guerra não se diz que não…

Mas nós pobres cães os pobres contribuintes
Virá um dia em que de pau em punho
Nos consolaremos a limpar o redil
Onde os nossos seiscentos porcos estão maduros para o enchido

Poema de Boris Vian, in “Cancões e poemas”
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