Plágio ou não plágio
Na semana passada estava a ver o programa da jornalista Ana Sousa Dias “Por outro lado” em que o entrevistado era o Jorge Palma, onde surgiu mais uma vez a questão do plágio.
Sou fã do Palma, não só porque o acho um grande músico e um grande poeta, mas também pela pessoa que o senhor é.
A determinada altura, a Ana Sousa Dias diz que ele é “um ladrão” porque encontra no último álbum (e só se referiu a esse nesta altura) vários trechos de música que lhe faziam lembrar de imediato outras músicas de outros autores. O Palma responde a rir que sim, é possível, e passa a explicar o que é para ele essa coisa do plágio. Diz o senhor que é impossível um músico ou um escritor de letras, não ser influenciado por coisas que ouviu ou que leu. As coisas ficam na memória e acabam por sair sem que quem está a escrever se aperceba. Ora, nestas situações não há intenção de plagiar. E conta ainda um episódio em que escreveu uma letra para uma canção e depois do álbum editado percebeu que tinha plagiado um título de uma editora bastante conhecida. Como consciencioso que é, escreveu uma carta a pedir desculpa e a explicar que foi sem intenção e que só se apercebeu do facto depois. Em resposta recebeu algo do género: “Oh Jorge Palma, deixa-te dessas merdas!”. De facto, acho que nestas situações, só fala em plágio, quem quer ser mais papista que o papa.
Quando andava no liceu, tinha a mania que escrevia umas coisas e a determinada altura escrevi um poema, que achei eu que estão muito bom, e decidi mostrá-lo à professora de português. Ela leu com muita atenção, disse que gostava, mas que eu devia deixar de ler Cesário Verde. Na verdade tinha lido Cesário há pouco tempo e o que aconteceu é que tinha utilizado frases do autor e até algum sentido. Seria isto plágio? Não era. A senhora explicou-me que era normal eu sentir-me influenciada e até poderia ser benéfico.
Num determinado álbum dos The Gift, também eu ao ouvi-lo descobri trechos de músicas de Portishead, e não li ou ouvi alguém referir-se a isso. Porque não é importante. Quem me dera que os The Gift aprendessem mais com os Portishead.
Mas esta coisa do plágio na música, suscitou ou ressuscitou cá em casa uma antiga discussão, sobre o processo que os Muse puseram à Celine Dion, por ela ter usado a palavra Muse. Também deveria concordar que esse processo não faria sentido, mas neste caso recusei-me a concordar, talvez por detestar a Dion (que me desculpem os fãs, mas a musica da senhora é um atentado à minha sanidade mental), e fiz bem. Decidi ir pesquisar e tentar perceber o porquê desse processo. E percebi.
Ora, a senhora Dion utilizou a palavra Muse no nome de um show que iria dar em Las Vegas, que soava assim: “Celine Dion Muse”. Os Muse não gostaram (eu também não gostaria). Alegaram eles que parecia que os Muse iam actuar com a Dion ou até mesmo fazer a 1ª parte do concerto ou algo do género. Na altura os Muse foram criticados por, na opinião de muita gente não passarem de uma banda britânica obscura e sem nome reconhecido na América e que por isso era normal a senhora Dion nunca ter ouvido o nome deles (esta fez-me rir). No entanto não explica porque é que a dita senhora ofereceu $50.000 USD (que foi recusado, obviamente) para poder continuar a usar a palavra Muse, enfim… É exactamente por ser uma banda pouco conhecida na América mas com intenções de o vir a ser mais, que este processo existe e muito bem. Justifica Mathew Bellamy (vocalista dos Muse) em entrevista a BBC: “We fully intend to crack America with our next album and we don’t want to turn up with people thinking we’re Celine Dion’s backing band” e “I find her music completely offensive for a start and I’m sure ours fans do as well” e ainda diz no site official da banda o seguinte: Muse are outraged by this absolute disregard for another artist’s identity. This is also pure capitalism – i.e. a large company using it’s wealth to trample over others. A press release has gone out over the weekend. Muse will continue to stand up for their rights”. O certo é que a senhora mudou o nome à coisa e os Muse arrasaram mesmo e continuam a arrasar com os seus álbuns. Há muito que deixaram de ser uma banda obscura e passaram a ter milhões de fãs por esse mundo fora.
Para quem nunca ouviu Muse, aconselho o álbum “Origin of symmetry” lançado um ano antes desta polémica.
Sou fã do Palma, não só porque o acho um grande músico e um grande poeta, mas também pela pessoa que o senhor é.
A determinada altura, a Ana Sousa Dias diz que ele é “um ladrão” porque encontra no último álbum (e só se referiu a esse nesta altura) vários trechos de música que lhe faziam lembrar de imediato outras músicas de outros autores. O Palma responde a rir que sim, é possível, e passa a explicar o que é para ele essa coisa do plágio. Diz o senhor que é impossível um músico ou um escritor de letras, não ser influenciado por coisas que ouviu ou que leu. As coisas ficam na memória e acabam por sair sem que quem está a escrever se aperceba. Ora, nestas situações não há intenção de plagiar. E conta ainda um episódio em que escreveu uma letra para uma canção e depois do álbum editado percebeu que tinha plagiado um título de uma editora bastante conhecida. Como consciencioso que é, escreveu uma carta a pedir desculpa e a explicar que foi sem intenção e que só se apercebeu do facto depois. Em resposta recebeu algo do género: “Oh Jorge Palma, deixa-te dessas merdas!”. De facto, acho que nestas situações, só fala em plágio, quem quer ser mais papista que o papa.
Quando andava no liceu, tinha a mania que escrevia umas coisas e a determinada altura escrevi um poema, que achei eu que estão muito bom, e decidi mostrá-lo à professora de português. Ela leu com muita atenção, disse que gostava, mas que eu devia deixar de ler Cesário Verde. Na verdade tinha lido Cesário há pouco tempo e o que aconteceu é que tinha utilizado frases do autor e até algum sentido. Seria isto plágio? Não era. A senhora explicou-me que era normal eu sentir-me influenciada e até poderia ser benéfico.
Num determinado álbum dos The Gift, também eu ao ouvi-lo descobri trechos de músicas de Portishead, e não li ou ouvi alguém referir-se a isso. Porque não é importante. Quem me dera que os The Gift aprendessem mais com os Portishead.
Mas esta coisa do plágio na música, suscitou ou ressuscitou cá em casa uma antiga discussão, sobre o processo que os Muse puseram à Celine Dion, por ela ter usado a palavra Muse. Também deveria concordar que esse processo não faria sentido, mas neste caso recusei-me a concordar, talvez por detestar a Dion (que me desculpem os fãs, mas a musica da senhora é um atentado à minha sanidade mental), e fiz bem. Decidi ir pesquisar e tentar perceber o porquê desse processo. E percebi.
Ora, a senhora Dion utilizou a palavra Muse no nome de um show que iria dar em Las Vegas, que soava assim: “Celine Dion Muse”. Os Muse não gostaram (eu também não gostaria). Alegaram eles que parecia que os Muse iam actuar com a Dion ou até mesmo fazer a 1ª parte do concerto ou algo do género. Na altura os Muse foram criticados por, na opinião de muita gente não passarem de uma banda britânica obscura e sem nome reconhecido na América e que por isso era normal a senhora Dion nunca ter ouvido o nome deles (esta fez-me rir). No entanto não explica porque é que a dita senhora ofereceu $50.000 USD (que foi recusado, obviamente) para poder continuar a usar a palavra Muse, enfim… É exactamente por ser uma banda pouco conhecida na América mas com intenções de o vir a ser mais, que este processo existe e muito bem. Justifica Mathew Bellamy (vocalista dos Muse) em entrevista a BBC: “We fully intend to crack America with our next album and we don’t want to turn up with people thinking we’re Celine Dion’s backing band” e “I find her music completely offensive for a start and I’m sure ours fans do as well” e ainda diz no site official da banda o seguinte: Muse are outraged by this absolute disregard for another artist’s identity. This is also pure capitalism – i.e. a large company using it’s wealth to trample over others. A press release has gone out over the weekend. Muse will continue to stand up for their rights”. O certo é que a senhora mudou o nome à coisa e os Muse arrasaram mesmo e continuam a arrasar com os seus álbuns. Há muito que deixaram de ser uma banda obscura e passaram a ter milhões de fãs por esse mundo fora.
Para quem nunca ouviu Muse, aconselho o álbum “Origin of symmetry” lançado um ano antes desta polémica.
7 Comments:
Linda, as fronteiras entre o plágio e as influências traduzidas em inéditos é ténue. Não basta para a lei o facto de não se saber, nem a intenção do autor o fazer ou não. O critério é objectivov e tem a ver com a prova de que há trablhos artísticos prévios com o mesmo nome, as mesmas frases, notas musicvais, etc. Detesto a Céline Dion, que nada de musa terá para mim, mas os Muse enquanto banda, registam-se enquanto tal, por isso não acho que tenham razão. Se a Céline arggghhhhhh Dion tivesse formado uma banda chamad Muse, ou os Muse uma canção com o mesmo nome o caso seria, para nmim totalment diferente. Mesmo sem razão, mais do que entendo a contestação enérgica dos Muse. Grande album o que referiste. Sublime.Beijos grandes Linda.
Ps-acho que já falámos sobre isto?....
Ligação feita, Repórter. Mas continuo a pensar que ninguém é dono de palavras, apenas de marcas,nomes de obras,textos,etc. Se eu ecrever um poema em inglês com o título "Muse", não havia processo da banda em causa que se aguentasse porque não me identificava como "muse", nem teria essa pretenasão... E roubo em matéria de propriedade intelectual ou noutro contexto qulquer, revela sempre intenção de..roubar. Isso tem que se provar em tribunal, porque nínguém rouba sem querer...
Execto joão, as fronteiras entre plágio e não plágio são muito ténues, mas existem. Quanto á Celine Dion, não foi plágio, foi associação duvidosa de nomes, e o facto é que ela alem de oferecer dinheiro acabou por retirar a palavra muse do nome do show.
beijo grande
Reporter, claro que plágio é isso, mas... quando é que é plágio? era essa a intenção do meu texto, tentar explicar que nem tudo é plágio.
bjs
Oh joão, mas se escreveres um texto com "João Domingues Muse" a coisa já era bem diferente, não era? ai ai....
beijo
Baixo a cabeça...seria diferente, além de totalmente despropositado. Mas mesmo assim,acho que os Muse estiveram um pouco mal, com uma decalração exagerada, porque a Céline arrrgghhhh Dion não teria qualquer necessidade de se associar a eles. Acho os Muse uma banda espetacular mas infelizmente quem faz milhões é a arrrrghhhhh! E se o dinheiro nunca deve limitar quem tem direitos ou não, ou quem os pode exercer, acho que os Muse agiram como se a arrghhhh tivesse montado uma cabala contra eles. Mas oxalá as finanças da banda se aproximem cada vez mais das finanças da arrrghhhh!!!
beijos grandes Linda.
Gosto muito do som do Muse e amo Celine (que para mim, é uma das maiores vozes do planeta), mas creio que a banda exagerou um "tantão" rsrs...
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