sexta-feira, fevereiro 25

Tentaram...

Esta semana aconteceu-me algo que há muito não acontecia. Tentaram subornar-me!
Ainda por cima foi uma tentativa estúpida, descarada e vinda de alguém, que nunca o deveria ter feito pelo cargo que ocupa.
Trabalho em construção civil, sou medidora orçamentista e faço alguns trabalhos para concursos públicos e privados. Geralmente estou livre deste tipo de coisas porque trabalho como colaboradora de projectistas e raramente o meu nome aparece.
Desta vez, é um processo para um concurso privado (ou seja, em que as empresas de construção são convidadas a participar pelo dono de obra) para uma obra de um valor bastante considerável, no concelho do Seixal.
Feito o meu trabalho e posto o processo a concurso, sou contactada por uma das empresas concorrentes, e com o conhecimento do projectista (o meu cliente), para uma “conversa” sobre o projecto e o meu trabalho para o dito. É normal, “estas conversas” acontecerem para se discutir quantidades, aferirem-se erros e possíveis omissões, depois de adjudicadas as obras, o que não era o caso. A obra ainda não foi adjudicada e a tal empresa não passa de um concorrente. Mas, em concursos privados tudo pode acontecer.
E lá fui eu, embora com alguma estranheza, munida de todos os elementos para a tal discussão dos “erros e omissões”. Quando lá chego, começo logo por perceber que não ia falar com um medidor ou com um director de obra ou director de um serviço qualquer, mas sim com o administrador, o que me fez perceber de imediato que não iria falar do trabalho em si, mas sim de uma outra coisa qualquer. E foi isso que aconteceu. Depois de muita conversa de delicadeza e de “encher chouriços”, como eu lhe chamo, em que tentou perceber em que termos eu estava a colaborar neste processo, o senhor propôs que em troca de algum dinheiro (foi mesmo assim que as coisas foram postas, descaradamente) eu aumentasse as quantidades de materiais para lhe proporcionar uma maior margem de lucro, porque, segundo ele, a obra já era dele. Provavelmente já tinha subornado umas quantas pessoas para ter a certeza que a obra lhe era adjudicada.
A resposta saiu-me de imediato, NÃO. Depois tentou emendar a mão, ou não, aliciando-me com possíveis trabalhos que me podia arranjar, mas a minha atitude não mudou, o que fez com que a conversa terminasse ali. Saí de lá a abanar, perplexa pelo descaramento e a rir por ter sido um administrador a faze-lo. Os administradores nunca dão a cara nestas coisas, mandam alguém faze-lo por eles.
Tenho andando a pensar nisto nestes últimos dias, sem saber muito bem o que fazer. Já cheguei à conclusão que o melhor seria esquecer que isto aconteceu, mas mesmo assim, ainda continuo incomodada com esta situação. E isto porque eu saio sempre a perder, senão vejamos: se denunciar a situação ao meu cliente (o projectista), ou não foram subornados de algum modo e fazem com que a empresa do senhor seja afastada do concurso, ou foram e quem é afastada sou eu por não colaborar nestas coisas. Se não denunciar, o meu cliente, por já ter sofrido alguma tentativa de aliciamento, pode suspeitar que eu entrei no jogo e afastar-me do mesmo modo. O que fazer?
Como já deixei algumas mensagens no meu cliente com a indicação de que quero falar com eles sobre este trabalho sem que tenha obtido qualquer resposta, ainda me sinto mais incomodada. Vou ficando a aguardar para ver que desenlace este processo vai ter no que me diz respeito, mas sinto-me bastante incomodada.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Your dangerous because your honest..." verso de uma canção dos U2, de que não me lembro o nome, nem se é exactamente assim...beijos grandes Linda

3:30 da tarde  
Blogger Espectacologica said...

:(
Materialmente falando, sai-se sempre a perder... :(
Sempre a merda do dinheiro para nos estragar a vida...
Beijos e força!

1:09 da manhã  

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