quinta-feira, janeiro 13

"Então por que não começamos? Estamos à espera de quê?”

Seremos um país de medíocres? Eu acho que não.
A esta frase respondi – “Não o somos. Não o sou e conheço uma imensidão de gente que não o é. Por vezes é só de um incentivo que precisamos, outras é que nos deixem avançar com projectos e vontades. Temos que dizer não ao oportunismo, condenar os abusos, sermos honestos uns com os outros. Nada disto é difícil... e se calhar cabe a cada um de nós começar.”
Mas podia ter dito muito mais.
Depois vem a pergunta – “Então por que não começamos? Estamos à espera de quê?”
Ora… eu não estou à espera de nada.
Há alguns anos, insatisfeita com a empresa e o trabalho que lá desenvolvia (e não era com o vencimento, porque esse até era bem bom), criei o meu próprio emprego, sem pedir nenhum subsidio ou ajuda ao estado. Era uma empresa pequena com óptimas relações entre patrão e empregados. Podia ter arranjado maneira de ser despedida e ficar a receber subsídio de desemprego (isso até me foi proposto), mas não achei que fosse justo e não o fiz. Naquela altura até era fácil pedir subsídios, tombe não o fiz porque achei que não precisava. Pago os meus impostos (a refilar, mas isso é inerente). Não cobro demasiado aos meus clientes, por vezes são eles que se admiram de ser pouco comparado com outras propostas que têm, mas só consigo cobrar o que sinto ser justo. Já recebi algumas propostas menos éticas para vender a concorrentes alguns trabalhos que tinha feito para clientes, mas recusei-as. Há dias recebi uma proposta para trabalhar durante 2 meses em exclusivo para um cliente, mas nem sequer quis saber o valor (apesar de estar sem dinheiro), por várias razões e porque achei que era incorrecto para com os outros clientes.
Recuso-me a arranjar emprego ou trabalhos para os amigos se não forem competentes. Não faço favores nem dou palavrinhas.
Não leio jornais que me chateiam. Não vejo os programas de TV que me tentam impingir. Mudo de canal ou desligo quando acho que estão a abusar ou a passar os limites.
Fique chocada com a atitude da jornalista perante aquela moça que ia viajar para a Tailândia depois do Tsunami e que disse “estou triste porque já não vou ter todas as comodidades, mas estou contente porque assim vou ver as coisas mais ao natural”. Chocou-me mais a atitude passiva da jornalista. Devia de ter chamado à atenção, devia de ter dito que ela era burrinha e estava a dizer uma grande calamidade. Aliás… nem deviam ter passado aquela entrevista. Quase que foi ofensiva.
Denuncio aquilo que me parece errado. Chateio as instituições, quer sejam privadas ou do estado, sempre que funcionam mal ou são incompetentes. Refilo sempre que acho que tenho razão sem ter medo de “ficar mal na fotografia”.
Ontem, por exemplo, estive com uma amiga que andava à procura de emprego. De início admirei-me porque ela tem um emprego numa Câmara Municipal. Mas depois percebi o porquê e apoiei-a. Como não tinha nada que fazer na Câmara, pediu licença sem vencimento (podia ter metido baixa…. Lá está!) e foi procurar algo que fazer noutro lado.
Tudo isto tem a ver com atitude ou talvez também com educação e pode não parecer grande coisa, mas para mim é um principio. Se todos começarmos por esta pequena atitude ou se eu e todos os que pensam assim (e não acredito que sejam poucos), conseguirem alterar o modo de estar de mais alguns, tudo no país ia funcionar melhor. Eu acredito mesmo nisso.
Às vezes é fácil pensar “ahhh isto é pratica geral porque hei-de ser eu a ser de modo diferente?” ou “porque não seguir o caminho mais fácil e mais vantajoso mesmo que não seja o mais correcto?”. É fácil queixarmo-nos do estado e do vizinho do lado porque a vida não nos corre bem. Difícil é fazer-mos algo para mudar alguma coisa, por muito pequena que seja.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

NEM MAIS! Aqueles que acham que os amigos, os pais, a esposa, o esposo, os filhos, a catequese,a escola (da creche à universidade), os médicos, os advogados, o patrão e o Estado é que devem perguntar-se o que esperamos deles, deviam começar por fazer a si mesmos fazer essa pergunta. Para mim seria me-dí-o-cre não a fazer.Falhar é fácil e natural. Corrigir os erros feitos por acção e omisssão, não será tão fácil. Mas também é natural. Consciência individual e colectiva não são tão diferentes neste ponto. beijos enormes Linda

4:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

De acordo. Estamos, assim, em sintonia de opinião.
E, nessa perspectiva, já fiz a minha parte. E de que maneira.
Mas estou pronto, sempre, a dar continuidade à minha forma de ser mesmo que isso me custe alguns dissabores e alguns olhares críticos. Estou-me nas tintas. Faço o que a minha consciência me diz para fazer. Respeitando, sempre que possível, os outros. Mesmo que às vezes seja difícil suportar a tal mediocridade.
Aproxima-se o final da semana. Respiro fundo. E carrego as "baterias".

6:42 da tarde  
Blogger Espectacologica said...

O problema é a chatice que é tentar mudar as pessoas... porque juntarmo-nos também não é praticável!
Está tudo pensado, amiga...
Mas tu és uma grande mulher!
E não há assim tantas... infelizmente!

2:40 da manhã  

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