terça-feira, janeiro 4

Eu e a DGCI

Eu e a DGCI (Direcção Geral de Contribuições e Impostos) temos uma relação muito atribulada. É como se alguém, porque não gostou do meu nome ou do meu número, quem sabe, tivesse decidido baralhar os meus processos, deitando fora papéis, ou apagando elementos no sistema. Ou então é o próprio sistema que me tirou na rifa e decidiu baralhar e dar por baixo, ou por cima ou se calhar por outro lado qualquer. O certo é que nada a nível de impostos corre bem comigo. Eu até quero pagar, até entrego as declarações correctas a tempo e horas, não invento expedientes para pagar menos. Até quero pagar as coimas e os juros de mora pelas faltas de pagamento, e até já paguei. Mas o certo é que na repartição de finanças onde perdi imenso tempo a tentar regularizar tudo, nada consta.
Pensei que fosse o ano de 2004 que me dava azar “impostório” e decidi deixar as coisas arrastarem-se até este novo ano. Estava enganada. As coisas correram mal porque as pessoas que trabalham com os sistemas e o próprio sistema funcionam mal.
Senão, vejam: Tinha uma série de IVAs em falta de pagamento (a coisa corria mal na altura e o dinheiro era preciso para outras coisas mais importantes) e passei metade do ano de 2004 a trabalhar para regularizar essas dívidas. Em Setembro de 2004, regularizei. Passei horas na repartição, a ver a senhora insultar o computador e por fim lá consegui pagar tudo. Como os pagamentos são feitos na tesouraria, um andar abaixo e por ver a senhora tão desgostosa com o funcionamento do sistema, ainda me dei ao trabalho de perguntar se queria que voltasse ali para lhe levar os comprovativos do pagamento. Disse-me que não, que mais faltava as coisas funcionarem assim tão mal internamente. Pois! Mas funcionam mesmo! Os ditos comprovativos perderam-se entre os dois andares! Mas curioso é o facto de serem três e só se perderam dois, um deles consegui subir até ao 1º andar.
Em Novembro recebi pelo correio apenas a coima de um processo e com o nº de processo trocado. Fui à repartição pagar e perguntar pelos outros e o porque da troca de nºs. E lá, choquei de frente com uma senhora, que depois de me dizer que os nºs estavam trocados porque alguém agrafou mal os papéis e de muito se questionar sobre o que teria acontecido aos processos em falta, chega à brilhante conclusão de que os ditos estavam pendentes, porque não encontrava os comprovativos, e senão encontrava era porque não existiam e como tal eu era mentirosa e não tinha pago nada. Brilhante! O que é que se faz a uma senhora destas? Voltei-lhe as costas com a promessa de voltar e provar-lhe que de mentirosa tenho muito pouco.
A coisa estava bera e não se ficava por aqui.
O reembolso de IRS referente a 2003 também não chegou até Dezembro. Vou ao site da DGCI tentar perceber o que se passa e deparo com um “Não foi entregue qualquer declaração”. Mau! Aqui a coisa já pia mais fino. É um desespero total. Será de mim? Bom, esperemos pelo próximo ano e pode ser que a coisa corra melhor, pensei.
Hoje, lá fui eu, cheia de má vontade à dita repartição tentar perceber o que se passava com o IRS e aproveitei para ir mostrar à senhora “simpática” dos IVAs que mentirosa era ela. A senhora deve de ter aprendido alguma coisa entretanto, porque já não procurou os processos pelo nº, mas sim pelo nome e fez a confirmação pelos valores. Atrapalhou-se, virou e revirou os papéis, confirmou e reconfirmou os valores, confirmou o nº de contribuinte e finalmente pede-me para ir tirar umas cópias dos meus comprovativos de pagamento. Eu hesitei… afinal o erro era deles, afinal até tinha sido insultada. E como hesitei, a dita senhora, achou por bem pedir-me desculpas pelo transtorno e agradecer-me o facto de ter ido lá mostrar o quanto estava errada. Está bem! Pode tirar a cópia e resolver isso de uma vez que eu já estou cansadita de tanto erro e tanto transtorno.
Agora faltava o IRS. No balcão do IRS e depois de uma longa espera, o senhor (agora era um senhor, podia ser que a coisa corresse melhor), diz-me que algures entre a repartição onde entreguei a declaração e aquela repartição, o registo da declaração se tinha perdido e como tal, eu deveria telefonar ou mesmo ir lá (à repartição onde foi entregue) e perguntar qual era o nº do lote e a data em que a declaração tinha sido remetida aquela repartição. Perem lá! Então mas eu fiz tudo o que me competia, os serviços das finanças é que o tinham perdido e eu é que tinha de ir à procura? Mas pagam-me para fazer o trabalho deles? Isto não é justo nem sequer compreensível. Não vou à procura de nada, não é a mim que me compete isso! Estava zangada, oh se estava. Já chegava de tanta incompetência. O senhor, lá percebeu que a coisa estava mal parada e lá foi telefonar e fazer aquilo que me tinha dito que deveria ser eu a fazer. Em 15 minutos resolveu o problema, diz ele. Segundo o senhor, a minha declaração já está registada e no sistema para ser processada. Não sei! Até tenho medo de ir ao site confirmar.
Agora vou aguardar pacientemente que me cheguem ás mãos a resolução de todos os problemas, mas confesso que tenho pouca esperança em como não tenho que lá voltar de novo para mais umas cenas incompreensíveis e desnecessárias.
Aguardemos.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como sabes eu pertenço à casta dos funcionários públicos. Sei como as coisas tantas vezes não funcionam - nem pública nem em privadamente - com tanta preguiça,inércia e até má-fé burocáticas. Eu costumo pensar que uns tem talento para escrever "O Processo", como Kafka, outros para organizar os processos que inspiraram este autor. Assim fica tudo bem e em "família".
Ps-que tal cobrares coimas ao Estado por serviços indevidamente prestados por ti?
beijos enormes, Linda.

1:48 da tarde  
Blogger mabeka said...

e por serviços não prestados por eles. As pessoas a quem conto estas coisas dizem que sou uma exagerada, que ando sempre a marrar com tudo e com todos. Mas não me parece que o seja. Mas aprendi alguma coisa, aprendi que as coisas so se resolvem quando levanto a voz, como se fosse uma espécie de comando. Beijos grandes

4:57 da tarde  

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