terça-feira, abril 14

Dar tudo sem nada esperar



Tenho andado com tanto disparate na cabeça que assusta. E assusta principalmente o gasto de tempo e energia em inutilidades. Mas nestas ultimas horas lá me foi surgindo algumas coisas em que talvez valha a pena pensar, digo eu.
Um dos assuntos é esta coisa da proximidade fictícia via internet, mais exactamente via Facebook, entre as pessoas e inerentemente, os “engates” inconsequentes ou a falta de noção dessas consequências. E principalmente o modo como os papéis entre homens e mulheres, se inverteu tão drasticamente nos últimos 15 anos. Mas este assunto vou deixar para depois.
O outro é uma frase, com a qual não concordava de todo, mas que começa a fazer algum sentido para mim.

“Dar tudo aos outros sem pedir nada em troca acaba por ter um preço demasiado alto”.

Sempre gostei de dar sem nada esperar, partilhar com os outros o que de bom me surge, porque o de mau, isso guardo para mim. E nem estou a falar de bens materiais, esses partilho sem questionar com quem precisa, e às vezes com quem não precisa, mas isso é problema meu, como diria um amigo que por acaso é bastante curioso na atitude. Tem o hábito de falar num problema que está a ter para logo de seguida rematar “mas isso é problema meu! Como é que tu estás?”.
 Mas ultimamente a sensação com que ando é que o “mundo” já não respeita pessoas assim. Tomam-nos por fracos, por gente demasiado fácil e sem ambição. Afinal não têm que dar nada em troca, não é? Usam-nos enquanto precisam e quando deixam de precisar, descartam com um sorriso e uma piscadela de olho.
Dizem-me que é assim a sociedade, que as pessoas deixaram de olhar para o outro e focaram-se apenas no seu umbigo, que é a urgência em chegar sabe-se lá onde que lhes tira o tempo de se dedicarem ao outro. Não sei bem se será assim. Mas tenho quase a certeza absoluta que ninguém vai dedicar um pouco do seu tempo a ler isto, tem mais de 3 linhas.
Ao longo da vida tenho-me deparado com gente assim e alguma dessa gente, com requintes de profissional da coisa, aqueles que vão dando migalhas para que o outro não se canse. Estes são os piores, são os que enganam, que mentem sem pestanejar. Já passei por momentos na vida em que precisei desesperadamente por uma mão e o que vi foi gente á minha volta a assobiar e a olhar para o lado e outros até, a arrepiar caminho, sem olharem para trás. Mas felizmente também tenho encontrado muito boa gente que tal como eu, gosta de dar e de partilhar.
Confesso que sou uma “believer”, acredito em todos e em tudo, bom em quase tudo. E quando as desilusões tendem a ser consecutivas, começo a questionar-me se serei eu que estou errada e não deveria ser também um pouco contida nesta vontade de me virar tanto para os outros. É que, dou por mim mais preocupada com os problemas dos outros do que com os meus, e ainda por cima, problemas de pessoas que pouco ou nada me deram. Passo horas a pensar em soluções para os outros e a esquecer que tenho que arranjar soluções para os meus problemas. E depois acabo “debaixo do sofá” á espera que algo aconteça.
Se calhar, devia deixar de pensar. Se calhar estou mesmo errada, enfim…

1 Comments:

Blogger Pedro Reis said...

não amiga, não estás errada coisa nenhuma, eu também como sabes dou "tudo" sem nada esperar, sem segundas intenções, sou assim, serei feliz desta maneira? provavelmente não ou talvez sim, não sei, não quero saber nem tenho pretensões a saber, paradoxo socrático, aquele homem acredita saber alguma coisa, sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, também estou certo de não saber...

6:11 da tarde  

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