terça-feira, maio 12

Viajar de avião



Viajar de avião, mesmo em distâncias curtas e para gente que como eu não tem medo de o fazer, nunca é fácil. Começa logo na chegada ao aeroporto e pela passagem na zona de controlo. As filas nunca são pequenas e aquela coisa do despejar os bolsos, tirar o cinto e os sapatos, é sempre demorado e em algumas pessoas parece uma tarefa para a qual precisam de ajuda. Enfim, o melhor é ir brincando com a atrapalhação dos outros e esperar que passe. Depois temos o embarque, que no caso das viagens low-cost de curta distância se torna algo deveras maçador. Depois de ultrapassada a porta de embarque, é caminhar e esperar ou esperar e esperar até que te deixem chegar ao avião. Numa viagem que demorar pouco mais de 40 minutos, já estamos á quase 1 hora em pé e ainda não chegámos ao avião. Isto é algo que para além de cansativo é demasiado aborrecido.
Mas há uma companhia aérea low-cost que consegue com que os passageiros deixem o ar cansado e aborrecido fora do avião. Já viajei em várias companhias e nunca me tinha rido tanto durante um voo como me aconteceu este ultimo fim-de-semana. Pela primeira vez viajei com a Ryanair e fui surpreendida com a boa disposição e “palhaçada” com que o pessoal de bordo brinda os passageiros. Na viagem Lisboa – Porto “arrebitei as orelhas” logo depois da descolagem quando o comandante me brinda com a seguinte frase “senhores passageiros, infelizmente e devido á turbulência que se faz sentir, tenho que lhes pedir que se sentem e apertem os cintos. E lamento informar que é extremamente proibido dançar o fandango no corredor”. Soltei uma gargalhada que fez com que o fulano que estava ao meu lado e com os phones nos ouvidos (por isso não ouviu o mesmo que eu) me olhasse como se eu estivesse louca. Mal refeita estava e ouço de novo uma voz “Tanrannana…. Tanrannan… senhoras e senhores, meninas e meninos, chegou a hora mais esperada… chegou o momento da raspadinha!” e enquanto isto está um fulano no meio do corredor a fazer caretas e a esbracejar, com cartões de raspadinha em ambas as mãos, enquanto a tal voz vai explicando o que pode sair e para onde vai uma parte do dinheiro obtido com a venda daquele jogo. E lá estava eu de novo a rir que nem uma maluca. Mas de facto, o voo passou sem quase dar por isso e saí do avião com um sorriso estampado na cara, eu e os outros cento e muitos passageiros. 
Dois dias depois, no voo de volta a Lisboa, a “palhaçada” repete-se. Desde a informação de que “devido ao atraso de 5 minutos, já não será possível parar na estação de Aveiro nem na de Coimbra B, mas se a coisa não se agravasse podia fazer-se um jeitinho para quem quisesse sair no Entroncamento, mas podem sempre fotografar o Santuário de Fátima que vai aparecer á direita do avião”, passando por uma comunicação começar com “esta é a Voz…” e acabando com o famoso momento raspadinha, tudo no voo de regresso foi no mínimo um sorriso de orelha a orelha e que me fez esquecer que desta vez já tinha passado a porta de embarque e ainda o avião não tinha despejado os passageiros que trazia de Lisboa. Aquilo é sem duvida uma “carreira” regular entre Lisboa e o Porto, sendo que a paragem no Porto é mesmo só para trocar de passageiros e abastecer o avião, o que poderia deixar muita gente preocupada, mas basta entrar no avião para esquecer esse tipo de preocupações. Se calhar até é essa a intenção, mas prefiro pensar que, talvez por isso mesmo, por passarem várias horas seguidas sem pisar terra firme, encontraram do melhor modo uma forma de descontraírem os passageiros e em última análise se descontraírem a eles próprios. E estão atentos aos passageiros, lembram-se dos que viajaram com eles dias antes, perguntam como foi a estadia, e rematam as conversas com algo engraçado e agradável. Sem dúvida alguma voltarei a viajar com a Ryanair sempre que for possível, a rir-me durante um voo completo e a raspar um cartão de jogo.

Nesta não em saiu nada, quem sabe numa próxima...
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.