Cinco minutos

Cinco minutos. Cinco minutos apenas, foi o tempo que passou entre a minha entrada na escola e a respectiva saída. Não deixaram de ser cinco minutos completamente inúteis. Metade deste tempo, passei-o a olhar para o boletim de voto e a perguntar “e agora? Como é que alguém consegue votar em consciência com estas opções?”. Pois, eu não consigo. A ideia de escolher  “o menos mau” nunca fez sentido para mim, nem em política nem noutra área qualquer e portanto, evito fazê-lo. E então? O que fazer? Apenas usar o direito e cumprir com a obrigação. Inútil…

Numa esplanada...

- Porque me olhas assim?

- Estava parado na tua inquietude. O que te deixa assim?

- Tudo e nada. Acho que principalmente este "nada".

- Queres falar sobre isso? Estou aqui...

- Não.

- Está bem, desfrutemos o café e o sol... em silêncio.

- Desculpa. Por vezes sou apanhada de surpresa por estes pensamentos que se transformam em emoções. Não consigo evitar.

- A isso chama-se " estar vivo".

- Achas que estou viva? Por vezes tenho dúvidas.

- Ai mulher...

- Que foi? Tu mesmo o disseste "estou viva". Quando isso acontece, sentimos, não é?

- É...

- ...

- Queres um abraço?

- Quero.

- É bom abraçar-te. És quente.

- Leva-me.

- Levo.