quarta-feira, fevereiro 25

Ah, o tempo...



Ultimamente tenho-me debatido com a questão “tempo”. Ora porque o tempo tudo resolve, ora porque não há tempo, e outras vezes ainda porque é preciso dar tempo. A conclusão a que chego é de que, comodamente lá vamos transferindo a responsabilidade para o tempo.
O tempo não resolve nada. O que acaba por acontecer é que as questões perdem a importância ou o sentido. Ou seja, não resolvemos o problema, ficamos sem saber qual a consequência da resolução e no final, estamos mais pobres sem ter aprendido nada. Mas, pensam vocês, há problemas que não têm resolução e nesses casos o tempo resolve. Será mesmo? Eu acho que os problemas ficam lá, escondidos, recalcados, com uma série de outras coisas em cima. Não deixamos de sentir que perdemos algo. E invariavelmente corremos o risco de eles voltarem, com contornos mais difíceis, requintados de malvadez.
Depois temos aquelas pessoas que nunca têm tempo. Pois, do tempo dos outros ou da falta dele, nada posso dizer. Cada um lida com a falta de tempo da maneira que quiser. Quanto a isto o que posso dizer é que, para o que quero realmente fazer nunca me falta tempo e quando sinto que vai faltar, arranjo-o. Porque se não tenho tempo para fazer algo ou para alguém, então, talvez seja apenas por não me interessar assim tanto, não será? Se calhar não é bem assim e eu é que sou demasiado exigente comigo e consequentemente com os outros. Talvez seja isso. Mas mesmo assim, acho que a falta de tempo vai servindo como desculpa.
Agora, dar tempo ao tempo, é uma outra coisa. Pode parecer que é idêntica ao “o tempo tudo resolve”, mas não é. Dar tempo para que algo aconteça, dar tempo para que estejam reunidas as condições, dar tempo para que se arranje tempo (esta foi de mazinha), enfim, dar tempo.
Confesso que me custa dar tempo. Tenho sempre a necessidade de resolver as “coisas” rapidamente, sejam lá elas quais forem. Até para deixarem de me incomodar ou para poder usufruir em pleno delas. Este modo de pensar acaba por me tornar impulsiva, é verdade, e por no processo de não dar tempo, meter os pés pelas mãos e perder ou complicar ainda mais. Mas como diz a sabedoria popular, “burro velho não aprende” e julgo que dificilmente irei mudar. Ou não.

quinta-feira, fevereiro 12

O que se aproxima...



E eis que se aproxima a passos largos, aquilo que para mim, suspeito, seja o fim-de-semana mais deprimente de 2015. Dia dos namorados e Carnaval. Assim tudo junto e á molhada que é para não haver dúvidas.
O dia dos namorados nunca foi coisa a que ligasse, nem quando estava numa relação. Sempre achei que apenas era algo incentivado por algum comércio. E como eu não preciso de um dia específico para dizer a quem estiver ao meu lado o quanto gosto dele ou preciso dele, nunca dei importância a este dia.
Já o Carnaval era algo de que gostava, em tempos que já lá vão. Gostava de me mascarar com a minha mãe, tias e amigas, passarmos parte da noite na rua a brincar com quem na maior parte das vezes nem desconfiava quem eramos. Sempre todas a rigor e com um tema. E depois, quando se instalava a madrugada, lá tirava a máscara e ficava até o dia se instalar a beber copos com os amigos. Por vezes mesmo dia dentro, apenas com tempo de ir descansar um pouco, tratar do corpo e da alma, e voltar para mais uma noite. Mas esses tempos passaram, e confesso que já não tenho paciência para máscaras ou mascarados. Praticamente, até durante o dia me aborrece sair de casa, por causa das brincadeiras dos miúdos com balões, farinha, água e às vezes até ovos, enfim. Estarei a ficar velha e amarga? Amarga não de certeza e se perder a paciência para aturar o que não me apetece é ficar velha, então estou. Conclusão: a partir de amanhã á noite e até quarta-feira, copos e conversa com amigos, só cá em casa. E todos serão bem-vindos, desde que sem máscaras.

sexta-feira, fevereiro 6

Comunicar através de música, ou não!



Há uns tempos atrás estava a comentar uma música partilhada no facebook por um amigo e surgiu-me um pensamento – “É possível comunicar através de música, sem sequer pronunciar (ou escrever) uma única palavra”. Ao que ele me respondeu com uma música de título “exactly”. Rimo-nos um pouco e a coisa ficou por aí.
Porque muita gente gosta de dizer o que pensa ou o que sente, através da música, tenho perdido algum tempo a pensar nisto e chateado alguns amigos ligados á musica com este assunto.
A conclusão a que cheguei é de que é possível, claro, mas é uma treta. E isto, porque pode tornar-se em algo muito ambíguo, sujeito a interpretações incorrectas e a mal entendidos desagradáveis.
Nem todas as músicas têm o título e o “sentido” da letra da canção coincidentes, por vezes são até bastante contrários. Depois, cada um tira da mensagem, aquilo que mais lhe convêm. E além disso, como na maior parte das vezes, a música não é na nossa língua de origem, as traduções saem um bocado ao lado.
Por exemplo, uma das músicas mais partilhadas no facebook é o “There is a light and it never goes out” dos The Smiths, que uma grande parte das pessoas vê como uma canção de amor, e eu acho que não o é. Há uns dias vi uma partilha desta música, em que uma moça dedicava esta música ao namorado. Fiquei com pena do rapaz. Ou estava a passar por um mau bocado ou tinha a namorada errada.
Na minha opinião esta canção não é de amor, mas de desespero e sim, também de esperança. Se não vejam  bem a letra, “I never never want to go home, because I haven't got one anymore” ou “And if a double-decker bus, crashes into us, to die by your side, is such a heavenly way to die”. É claro que evidenciar apenas o titulo e o refrão, ou “Take me out tonight, where there's music and there's people, and they're young and alive” e lá chegamos á esperança. Mas é curto para ser uma canção de amor.
Quando damos apenas atenção ao título ou a um simples verso numa letra de uma canção, corremos o risco de dizer mais do que o que queremos e fazer com que a mensagem se torne vazia.
No fundo, a meu ver, para duas pessoas se entenderem completamente através da música é preciso que ambas conheçam bem as musicas ou que definam as regras. Mas isso tirava toda a piada da coisa, acho. Tornava-se algo pesado, estudado e lá ia a espontaneidade embora.
Enfim, o melhor mesmo é as pessoas falarem umas com as outras com palavras. Dizerem nos olhos do outro aquilo que sentem ou pensam e deixarem de partilhar músicas, como “recadinhos” ou grandes mensagens, nas redes sociais. Exactamente como li num bar Almadense, por acaso bastante interessante, “Não temos Wi-Fi, se querem conversar falem uns com os outros”.

quarta-feira, fevereiro 4

A dúvida e as conclusões precipitadamente erradas



Ultimamente tenho-me deparado com a dúvida que crio na cabeça dos que me rodeiam por pensar de modo diferente. E o que me chateia mesmo é que essa dúvida acaba por levar quem a tem a concluir que eu minto.
Eis a questão: Porque é que o facto de me ter separado implica deixar de considerar o meu ex-marido como amigo?
A verdade é que para além dos 10 anos de vida em comum, temos muito mais coisas. Gostos, modo de pensar, atitude perante a vida, etc. E o que é que interessa o que aconteceu, se ficaram mágoas ou não? Não será um erro ficar a “remoer” as mágoas e viver com ódio e amargura? Eu penso que é. E porque é que por ser amiga dele e não ter medo de o mostrar em público quer dizer que ainda estamos juntos ou vamos voltar a estar? Sinceramente, ou sou muito burra ou completamente diferente da maior parte dos que me rodeiam.
As pessoas tendem a julgar os outros por si próprios e não entendem quem pensa de modo diferente. E, portanto, tiram as conclusões que lhes parecem mais certas. E estão tão errados!

A questão das conclusões é outra que me chateia. Porque raio é que se sentem no direito de concluir que afinal quero isto ou aquilo, que tenho segundas intenções ou não, senão me conhecem, pouco sabem sobre mim e não têm a coragem de perguntar? Lá está… voltamos de novo á velha máxima “as pessoas tendem a julgar os outros por eles próprios”
Eu sou aquilo que mostro, se há coisas de mim que não mostro? Claro que há! Se tenho segundas intenções ou “agenda” como é tão fino dizer ultimamente, não! Os meus amigos, aqueles que me conhecem, sabem o que podem esperar de mim e também sabem o que espero deles. Os que mal me conhecem podem ter a certeza que o que quero deles é exactamente aquilo que lhes peço e é só isso que deles espero. Se têm duvidas, perguntem!

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